
Nunca tivemos tempo, não é, uns para os outros, e agora é tarde, estupidamente tarde, ficamos assim a olhar-nos, ausentes, estrangeiros, cheios de mãos supérfluas sem bolsos para ancorar, à procura, na cabeça vazia, das palavras de ternura que não soubemos aprender, dos gestos de amor de que nos envergonhamos, da intimidade que nos apavora.
Explicação dos Pássaros, António Lobo Antunes
Sem comentários:
Enviar um comentário